Mostrando postagens com marcador Pauta. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pauta. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Os filhos do país dos escândalos

Por Eliane Lobato - IstoÉ de 03/08/2005

Eram 19h50 da terça-feira 26, quando o senador Delcídio Amaral (PT-MS) anunciou: “Chegamos no limite.” Ele interrompeu a sessão da CPI dos Correios que durante nove horas ouvira Renilda de Souza – mulher do publicitário Marcos Valério. Havia três parlamentares inscritos para perguntar. Mas os limites de Renilda se extinguiam na proporção que sua vida particular se devassava diante da fúria dos inquisidores. Interrogações sobre seus sentimentos mais íntimos borbulhavam num espetáculo intimidatório que Kafka certamente adoraria descrever. Numa das cenas mais constrangedoras da CPI, o deputado Julio Redecker (PSDB-RS) pisoteou. “Sua mãe deve estar sofrendo muito e rezando pela senhora.” “Não, não está. Ela tem mal de Alzheimer”, respondeu Renilda. “A senhora usou dinheiro que deveria ser da população. Como tem coragem de olhar na cara dos próprios filhos?”, chutou Redecker, levando a depoente a um choro profundo. Nessa mistura, às vezes sórdida de público e privado, o próprio Marcos Valério, ao listar suas empresas para a CPI, lembrou, aos prantos, que uma delas, a JVN – que não chegou a ser aberta –, tinha as iniciais dos três filhos, inclusive de um que morreu de câncer aos seis anos.

Em tempos de escândalos, produção de dossiês em escala, CPIs se atropelando e reputações jogadas no mar de lama nacional, as casas de muitos brasileiros viraram cenários de dramas que não podem ser dimensionados por extratos bancários e de imagens tristes que não são captadas pelas câmeras de tevê. Por trás da lavagem de roupa suja na CPI dos Correios e de tantas outras investigações – CPI do PC, Escândalo dos Precatórios, Orçamento, das Bicicletas, Frangogate, Máfia do Sangue –, famílias têm sido dilaceradas. Denunciantes e denunciados compartilham aquele que talvez seja o preço mais caro cobrado pela faxina ética do País: filhos e filhas crescendo sob a marca da vergonha, do medo e até do abandono. Caso de Paulinho, hoje com 22 anos, e Ingrid, 24, filhos do ex-tesoureiro de Collor, PC Farias (assassinado em 1996), que desceram ao fundo do poço. Ou Ana Sophia, a caçula do ex-ministro da Saúde Alceni Guerra, vítima de uma professora maquiavélica. Ou ainda Christian, nove anos, neto do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), barrado no colégio por colegas que queriam cobrar dele uma versão escolar do mensalão. Filha do ex-presidente nacional do PT José Genoino, Miruna, 23 anos, escreveu para o pai uma carta-desabafo. São filhos do País dos escândalos que guardam seqüelas pelo resto de seus dias.

Normalmente, esses dramas familiares não são visíveis. Outras vezes são jogados na arena. ISTOÉ ouviu nas últimas semanas depoimentos de quem constitui a parte mais vulnerável desse mundo político-policial.

Pivô do escândalo dos Correios e da denúncia do mensalão – a mesada que seria paga a parlamentares pela direção do PT –, o deputado Roberto Jefferson não se furta a repetir – em conversas informais – os estragos que sua conturbada trajetória política vem causando à sua família. Quando era líder da tropa de choque de Collor, seu filho Robertinho, na época com 14 anos, recebeu “uma coça” e teve a mandíbula quebrada. Agora, na CPI dos Correios, outra fratura familiar, dessa vez com o neto. Primogênito de Cristiana Brasil, vereadora carioca e filha de Jefferson, Christian, nove anos, foi barrado no corredor do colégio Cruzeiro, no Rio de Janeiro, onde estuda, por alunos que deram a seguinte ordem: “Só passa aqui se pagar mensalão.” A agressão foi comunicada à direção da escola, que deu apoio ao garoto. “Isso não aconteceu uma vez, foram várias. E por mais que ele tenha o nosso apoio, o da terapia e o do colégio, ninguém pode impedir o sofrimento dele”, diz a mãe, também alvo de preconceito. “Na academia de ginástica, eu deixei de ser Cristiana e passei a ser a filha de Roberto Jefferson. ‘Amigos’ passaram a evitar nossa família, a desmarcar encontros, a não atender telefone”, conta.

Para o pediatra Leonardo Posternak, presidente do Instituto da Família, em São Paulo, filhos podem colocar “em xeque a figura idealizada de seus pais” ao vê-los envolvidos em escândalos. “Descobrem que o pai não é um super-herói.” Segundo Posternak, é difícil para a criança entender por que alguém vai deixar de brincar com ela por algo “que seu pai fez”. Mas, conselho de especialista: deve-se contar o que acontece, em vez de isolá-la “numa bolha de plástico”. O psicanalista Alberto Goldim enxerga no sentimento dos filhos uma metáfora equivalente ao sentimento de confusão e tristeza que invade a Nação. “Um líder, um presidente, é como um pai para a população. Quando a confiança é destruída, o sofrimento é parecido com o de filhos que perdem a referência paterna”, explica Goldim. Não é à toa que o País discute com passionalidade incomum se Luiz Inácio Lula da Silva sabia ou não da lama que chegou à sua ante-sala. Dentro de casa, Lula tem seus dilemas. O “pai” do País é também pai do biólogo Fábio Luís, 28 anos, que teve questionados os negócios de sua empresa, a produtora Gamecorp, com a Telemar.

Recortes de jornais – Hoje fora dos holofotes e com seus dramas esquecidos, Alceni Guerra viu dois filhos, crianças na época em que era ministro da Saúde do governo Collor e acusado de superfaturamento na compra de bicicletas, serem covardemente envolvidos no episódio. Ele teve sua inocência comprovada, porém as cicatrizes já sangravam. “Na festa do Dia dos Pais, Ana Sophia, então com cinco anos, preparou um presente para o pai, orientada por uma professora: um cartaz com recortes de jornais estampando acusações de corrupção contra mim. Vi minha filha desfilar com aquela coisa acintosa diante de um colégio lotado, com um sorriso de orelha a orelha, sem ter a mínima idéia do que estava fazendo. Receber um abraço no Dia dos Pais de minha filha com um cartaz me chamando de corrupto foi a pior coisa que sofri”, relata Guerra no livro A era do escândalo, de Mário Rosa. Já Guilherme, então com 12 anos, foi capa de jornais em foto que mostrava pai e filho sentados no meio-fio, ao lado das bicicletas que usavam num passeio no Parque da Cidade, em Brasília.

O trauma acompanhou Guilherme por muitos anos. O mesmo aconteceu com Victor Camargo Pitta do Nascimento, filho do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, pivô do escândalo dos precatórios. Aos 25 anos, sua família desmoronou quando a mãe, Nicéa, contou o que sabia a respeito do governo Paulo Maluf. Victor e Pitta se agrediam via imprensa e romperam. Recentemente, o filho resolveu procurar o pai. “Sofremos muito. Agora começamos a nos falar de novo. Eu tomei a iniciativa porque acho que o ofendi e que ele merece uma segunda chance.” Ver o pai ser destruído causou uma erosão interna no jovem, que parou de trabalhar e de estudar, e caiu em depressão. A irmã, Roberta, também não agüentou. Ela estudava direito na Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo e viu o episódio frangogate (superfaturamento na compra de frangos no governo de Paulo Maluf, do qual Pitta era secretário de Finanças) ser levado para uma aula. “A sala inteira olhava para ela. Roberta trancou a matrícula e se mudou do Brasil”, relembra Nicéa. Para evitar que sua filha Naína, oito anos, sofra traumas, a ex-secretária e testemunha Fernanda Karina Somaggio – que tem repetido que sua motivação é ajudar a criar “um Brasil melhor” – adota estratégias para protegê-la, como restringir seu contato com pessoas estranhas e manter distância das ruas, que causam certa solidão. Karina deve, portanto, pensar bem antes de aceitar o convite de uma revista masculina para posar nua, como têm comentado.

“Devolve meu sangue!” – Um exemplo bem-sucedido de filho que conseguiu sobreviver à fúria das denúncias é a modelo Ellen Jabour, namorada do ator Rodrigo Santoro. Seu pai, o empresário Jaisler Jabour de Alvarenga, foi acusado, no ano passado, de integrar a Máfia do Sangue, nome dado a fraudadores de medicamentos no Ministério da Saúde. Ellen só perdeu a fleuma uma vez. Segundo nota da coluna de Ancelmo Gois, em O Globo, ela estava num camarim do São Paulo Fashion Week quando alguém gritou: “Devolve meu sangue!” A modelo retribuiu o desaforo e encerrou o caso.

Nem sempre, entretanto, o saldo é negativo. Filho de Eriberto, o motorista que desmontou o esquema PC Farias e foi peça-chave no impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, André Vinícius colheu bem mais elogios do que hostilidades. Na época, ele tinha cinco anos e não entendia o que acontecia. Sofria, apenas, porque os pais o levavam para dormir com os avós, por precaução. “Eu não gostava da noite porque me separava deles. Era triste”, relembra. Com o tempo, ele passou a ser cumprimentado pela atitude heróica do pai. “Tenho orgulho. Ele foi corajoso. Mexeu com gente importante e era a parte mais fraca. Normalmente, as pessoas falam dele de forma respeitosa.

Exceto um ‘seu pai é dedo-duro!’, dito de brincadeira, o resto é elogio.” Para Eriberto, o sofrimento da família foi grande, mas valeu a pena. “Recebi ameaças por telefone, tivemos proteção da Polícia Federal, mas a gente tentava passar certa normalidade para os filhos. Íamos para a pracinha e fazíamos de conta que não estava acontecendo nada”, relembra.

Do outro lado do mesmo caso, o saldo não é nada alegre para os descendentes de PC Farias. Paulinho, hoje com 22 anos, e Ingrid, 24, não levam a vida como outros jovens. Ela pouco sai e vive deprimida, segundo relatos de poucos amigos. Paulinho não dá um passo sem seguranças, mais de uma década depois dos escândalos. Como disse o ex-presidente da Câmara Ibsen Pinheiro, “quem escolhe o caminho da política sabe que está na chuva e se molhar é contingência. Mas e os que não foram à chuva e se molham também?” Apesar de inocente, Pinheiro foi cassado após acusação de envolvimento com a Máfia do Orçamento e teve sua história passada a limpo recentemente, mais de uma década depois. Com a autoridade de quem comeu o pão que o diabo amassou injustamente, ele diz que o mínimo que se pode fazer para tentar poupar a família, “a parte que mais sofre”, em momentos como os atuais é ter “comedimento”. Fica o conselho. Ficam as marcas.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

NYT: The Very Expensive Reality of Chasing Reality TV

* Você gastaria US$ 8 mil para tentar participar de um reality show? O americano Tom Sullivan gastou e garante que fez um bom investimento. Assim como ele, centenas de outras pessoas em todo o mundo abrem mão de tempo e dinheiro para aparecer na tevê. A repórter Abby Ellin contou a história de algumas delas na edição do New York Times de 4 de novembro de 2007.

TO say Tom Sullivan likes “Survivor” would be a gross understatement. Mr. Sullivan, a radio and television host in Atlanta, auditioned five times for this reality show, which has a $1 million prize. He spent hours shooting, editing and mailing videotapes of himself to producers and casting agents, and has traveled to four cities to compete for the honor of not being voted off the island.

His quest has not just cost him time — it has also cost him money, to the tune of $8,000 over the past five years. And he has never made it onto the show. But Mr. Sullivan, 38, says his efforts have been worth every penny.

“I learned how to deal with producers and I had some great experiences,” he said.

Mr. Sullivan is one of many people who have dropped big money auditioning for reality television shows and contests. The reasons for doing so vary: Some people mainly want to be on television, but for others it is part of a very specific plan to enhance their careers. To them, the money they spend is not so different from, say, investing in a business degree or hiring a career coach.

“You can sit here and be as talented as you want, but unless you get out there and show people, you’re not going to get anywhere,” said Sergio Alain Barrios, 41, a New York-based fashion designer who has auditioned twice for “Project Runway.” On the show, which appears on the Bravo cable channel, 15 contestants receive assignments each week as they compete for a $100,000 prize to start a clothing line, along with other prizes; the show’s new season starts on Nov. 14.

Mr. Barrios’s endeavor cost both time and money — $2,500 in 2004, and about $5,000 in 2005. Aspiring contestants are required to bring in three samples of their work; Mr. Barrios designed 15 pieces and whittled down the selection to 3.

His first try was unsuccessful, but “rather than be disappointed it motivated me to say, ‘I’ll show you,’” said Mr. Barrios, who works occasionally as a stylist and production assistant for Oscar de la Renta fashion shows. He said he did get a word of encouragement from Tim Gunn, one of the show’s on-the-air mentors.

Mr. Barrios devoted all of 2005 to aiming for the show. That meant logging 1,560 (unpaid) hours honing his craft. In addition to buying the materials and paying other expenses, he acquired a large printer ($700, as well as $140 for cartridges and $100 for paper) to better show off his drawings before the judges.

The night before the second audition, he and his boyfriend rented a room in the same hotel where the event was taking place (at $400 for the night), just to ensure that he would be fresh and ready the next morning. They also had a party for friends ($200 for food and liquor) who showed up to offer encouragement.

The next day, he was pumped up and ready to go. But he was not chosen as a contestant.

“I started crying when it was over; I was so glad it was done,” he said. “It takes so much out of you.”

Susan Murray, associate professor in the department of media, culture and communications at New York University and co-editor of “Reality TV: Remaking Television Culture,” said she understood why people would spend large sums to audition for a reality program.

Reality TV offers the promise of something extraordinary, and, she said, “that promise is so alluring.”

“I would imagine people are willing to invest to get closer to it,” she said.

And when it pays off, it pays off big. When Harold Dieterle, now 30, auditioned for “Top Chef” in 2005, he was the sous chef at a downtown Manhattan restaurant. For him, the $2,300 investment (mostly for three professional-quality knives and new kitchen clogs) paid off in spades: he won.

“Winning kind of put my name on a national scale,” he said. It also helped him open his own Manhattan restaurant, Perilla, this year. “People believed in me.”

That is what Caroline von Lintel, 46, an interior designer in Carefree, Ariz., hopes will come out of the $12,000 she spent preparing last month for Architectural Digest’s Open Auditions in Manhattan, where professional and nonprofessional aspiring designers and architects competed to win a photo spread in the magazine. There are no cash prizes, but semifinalists will appear on the Web site, where the public can vote for their favorite work, said Paige Rense, editor in chief of Architectural Digest. More than 400 people signed up for the event in New York, coming from as far away as Australia, Venezuela, Mexico and the Dominican Republic. The next audition is Jan. 29 in Miami, followed by contests in Houston and Los Angeles.

“As a designer, it’s like a dream come true if I end up being a candidate,” said Ms. von Lintel, whose expenses included airfare, food, lodging for three nights and six photographs of interiors she had designed ($1,500 a photo). “If you never work again, you can say, ‘Wow, I went to the top.’ If you win, the magazine is in effect endorsing you.”

And, she said, “the networking that can happen standing on line is invaluable.”

DIANA OBANDO-PRESTOL, a 26-year-old architect, flew in from the Dominican Republic, where she lives, for the contest. She estimates that the trip and preparations cost a total of almost $5,500, including six nights in New York and the cost of head shots of herself for publicity.

“Even if I am not selected, it’s a win-win situation,” she said. “It’s an opportunity to grow as a designer.”

Ms. Obando-Prestol photographed a client’s three-bedroom home for the contest. Mr. Barrios, the fashion designer, says that he plans to audition again for “Project Runway” and that he is not put off by the time and money he has invested. As far as he is concerned, it is all part of his dream to design women’s clothes.

“Nothing is overnight in this world, and I will audition for ‘Project Runway’ again and again,” Mr. Barrios said. “Like Nike says — ‘Just do it!’ It sounds corny, but that has become a sort of mantra for me through this whole audition process.”

Link

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Herald Tribune: Citizens of nowhere

* Os cidadãos de lugar nenhum: reportagem de Seth Mydans sobre o não-reconhecimento da cidadania de tailandeses. Publicado em 1º de abril, no International Herald Tribune. As fotos que ilustram a matéria, de Greg Constantine (exemplo abaixo), estão neste slide show.

MAE AI, Thailand: Hidden in the back corners of the world is a scattered population of millions of nobodies, citizens of nowhere, forgotten or neglected by governments, ignored by census takers.

Many of these stateless people are among the world's poorest; all are the most disenfranchised. Without citizenship, they often have no right to schooling, health care or property ownership. Nor may they vote, or travel outside their countries - even, in some cases, the towns - where they live.

They are stateless for many reasons - migration, refugee flight, racial or ethnic exclusion, the quirks of history - but taken together, these noncitizens, according to one report, "are among the most vulnerable segments of humanity."

Without the rights conferred by citizenship, they have few avenues for redressing abuses, and little access to resources that could help them build better lives. They have few advocates, because human rights groups tend to focus on the types of abuses they suffer - trafficking, exploitation, discrimination - rather than the root of their problems, their statelessness.

In their variety, they share the lack of a basic human need: a place to call home.

About two million of them are in Thailand, mostly members of ethnic minority groups and hill tribes, perhaps the largest stateless population in the world.

Many were born in remote areas along the border with Myanmar, out of touch with the government, and lack documents that could prove that they, or one of their parents, were born in Thailand.

"Everything is affected, all my rights," said Saidaeng Kaewtham, 38, who works as a gardener. "I can't travel, go to the hospital, do business or get an education. You can't choose your job, only labor."

"Why can others do these basic things and I can't?" he asked. "If I had been a citizen I might have finished my education. I might have earned a master's degree already. Some of my friends have master's degrees."

The number of people like Saidaeng is rising today with the shifting populations of a globalized world, experts say. The emergence of new democracies is also a factor, particularly in Africa, where the granting or removal of citizenship is used as a political weapon.

"The very fact that democracy makes people count makes citizenship a more important social and political fact, and that has given an incentive to some political leaders to use citizenship as a tool to disenfranchise opponents," said James Goldston, executive director of the Open Society Justice Initiative.

By the most common count, there are 15 million stateless people in the world, but by its nature, this is a number nobody can know for certain.

"Statelessness is a global phenomenon, but each of the stories is different," said Philippe LeClerc, an expert on the issue with the United Nations High Commissioner for Refugees in Geneva.

The stateless include some 200,000 Urdu-speaking Bihari in scores of refugee settlements in Bangladesh, where they are barred from many government services and subject to harassment and discrimination.

Formerly a prosperous, land-owning community, they were stranded in Bangladesh when it separated from Urdu-speaking Pakistan in 1971. Although Pakistan at first offered refuge to fleeing Bihari, neither nation offers citizenship today to those who stayed behind.

The stateless also include members of the Rohingya, a Muslim ethnic minority from western Myanmar, where they have been stripped of citizenship and denied civil rights and face exploitation, forced labor and religious persecution. More than 100,000 Rohingya have fled in recent decades to Bangladesh, where they live in camps or on the streets.

They also include tens of thousands of Filipino and Indonesian children in the Malaysian state of Sabah, victims of discriminatory laws that, in effect, deny them birth certificates and often separate them from their families.

Repression at home and the demand for cheap labor drew hundreds of thousands of Filipinos and Indonesians to Sabah over the past three decades. There are now 750,000 of them, nearly one-third of the local population, and the authorities are forcing many to leave.

Because their children often lack documentation, an estimated 10,000 to 30,000 have been left behind to fend for themselves.

In Thailand, the government has embarked on an unusual and ambitious program to determine its stateless people's rights to citizenship, checking documents and interviewing witnesses and local elders.

"You have hundreds of nationality decisions taking place every month in these provinces," said LeClerc. "It's going in slow motion, but it demonstrates a consciousness on the part of Thailand that they have to address the issue."

The only documentation Boon Phonma, 43, could offer was a birth date scribbled on a palm leaf by her mother. She said she was turned away by officials who said, "No, you're not Thai."

Like some others without papers, she then presented officials with the results of a DNA test that she said was accepted as proof of her right to Thai citizenship.

"I found out I have a whole big family here, 335 people," said Boon, who now works to help other stateless people. "I am a Thai confirmed, a Thai since birth."

Link

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

La pasarela las prefiere blancas

* Eugenia de La Torriente reporta, no El Pais, a discriminação a modelos negras nos desfiles de moda internacionais. Publicado em 21 de outubro de 2007.

Sólo blancas. Las colecciones de la temporada primavera-verano de 2008, presentadas en Nueva York, Londres, Milán y París en septiembre y octubre han disparado la alarma. En 31 de los 101 desfiles listados en style.com, los más relevantes, no había ni una sola mujer negra. Marcas como Balenciaga, Prada, Chloé o Jil Sander, que aspiran a ventas mundiales, pero que parecen ignorar que las mujeres de color gastan más de 20.000 millones de dólares en ropa al año, según Targetmarketresearch.com. La moda siempre ha estado dominada por caucásicas, pero hacía tiempo que no se veía una homogeneidad tan acusada. En una industria global, el mensaje de un desfile totalmente compuesto por adolescentes eslavas no puede ser más local.

"Empecé en los sesenta, pero las cosas están peor que nunca", declaró Bethann Hardison, una de las primeras modelos negras, en una conferencia organizada por ella recientemente en Nueva York. Con el título La ausencia de imagen negra en la moda actual, el evento reunió a Iman, Naomi Campbell o André Leon Talley, editor de Vogue. También las revistas se han visto salpicadas por el debate. En las ediciones de este mes de las principales cabeceras estadounidenses la presencia de afroamericanas es irrisoria. Según el agente David Ralph, a pesar de que esta raza supone el 30% de la población, no está representada por ninguna modelo en Vogue, Harper's Bazaar, Glamour, Cosmopolitan, Allure y Elle.

Cuestión de facciones

Mauricio Carnino es director de casting de Nueva York. Trabaja con Custo Barcelona y Diane von Furstenberg, dos de los pocos diseñadores que han ido más allá de la contratación de una sola y simbólica negra en sus últimos desfiles. "En la conferencia citaron a seis marcas que sí reflejan la diversidad racial en sus desfiles. Tres son clientes míos, lo que demuestra que no tengo problema. Pero hay diseñadores que, si eligen a una chica de color, ya no quieren otra. Ya tenemos una, dicen. Algunos argumentan que tiene que ver con la constitución. Otros ven problema en las facciones. Una vez, uno me pidió una negra. Dijo: 'Necesitamos una blanca metida en una taza de chocolate".

Una de las pocas que ha conseguido entrar en desfiles importantes, como el de Dior, es Chanel Iman. Alguien con ese nombre parece destinado a triunfar en la moda. Aunque ser hija de una coreana y un afroamericano no se lo ha puesto fácil a esta chica de 17 años. Aun así consiguió meterse en el grupo de la portada del Vogue estadounidense de mayo como una de las próximas 10 supermodelos, según prometía la revista. La única que no era blanca.

"Además del americano, el mercado francés es el que más modelos de color utiliza", explica Fernando Merino, booker de la agencia Group, que representa en España a Chanel Iman. "Italia nada de nada y España, muy poco. Sólo para editorial y en algún desfile. Tampoco se quieren hindúes, orientales... Quiero creer que no es una cuestión de racismo, sino de representar a tus consumidores".

"Ahora mismo se ven más orientales que negras. Es cuestión de modas", explica Ramón Carmena, director de la agencia Traffic. Entre las modelos que representa está Godelieve van der Brandt, quien se ha acostumbrado a que su pelo sea el único afro en una sucesión de melenas lacias en los desfiles españoles. Hija de un médico belga y una congoleña, su familia se instaló en Benidorm cuando tenía cinco años. "Me avisaron de que el mercado era reducido. Era consciente de las limitaciones, pero quería vivir mi experiencia. Y, poco a poco, me he ido haciendo un hueco. Es cuestión de confianza y del apoyo de una buena agencia", explica desde París.

La madre de Godelieve está orgullosa de ella. Vive en Bélgica y se escapa a Madrid o Barcelona para verla desfilar. Y sostener, en solitario, la bandera de la diversidad cultural. "Una sola negra o asiática ya cubre el cupo", explica la modelo.

La cuestión no es nueva. Ha habido grandes modelos negras, pero la lista es corta y, a veces, la luz de una estrella esconde una realidad con sombras. Naomi Campbell explicaba en la conferencia de Nueva York que Christy Turlington se había plantado ante Dolce & Gabbana. "Si no contratáis a Naomi, no nos tendréis a nosotras". El nosotras incluía a Linda Evangelista. Para hacerse un hueco en Vogue Paris, su valedor hubo de ser otro: Yves Saint Laurent amenazó con retirar su publicidad si se negaban a trabajar con ella.

El debate sobre qué medidas son aceptables para revertir esta situación está abierto. Hardison ha conseguido su propósito: llamar la atención sobre la anómala representación de la diversidad racial. Godelieve tiene miedo a los cupos nacidos de la polémica. "No quiero que me cojan por obligación. Lo ideal es que se fijaran en tu valía y no en el color de la piel". Tan básico como eso.

Link