Mostrando postagens com marcador Mundo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mundo. Mostrar todas as postagens

sábado, 5 de janeiro de 2008

Por uma agenda internacional brasileira

* Do blog Em Cima da Mídia, de Mauro Malin. Postado em 24/11/2006

A editora de Mundo da Folha de S. Paulo, Claudia Antunes, voltou de um ano de estudos nos Estados Unidos com a sensação de que os jornalistas, lá, trabalham menos do que os brasileiros. “Eles trabalham muito, claro, mas não como nós”, afirma.

Claudia diz que a crise da imprensa americana é um assunto intensamente debatido, porque os jornais perderam muita circulação, embora a indústria ainda seja lucrativa. “Mas, como existe uma projeção pessimista quanto ao futuro do jornal de papel, a cotação em bolsa é afetada” e a situação financeira das empresas se torna mais precária. Ainda assim, os grandes jornais nacionais – The New York Times, Washington Post, Wall Street Journal – e alguns regionais, entre os quais cita o The Seattle Times, menos conhecido no Brasil, têm redações muito maiores do que as brasileiras. “É raro encontrar jornalista que faça três pautas diárias, rotina nos jornais brasileiros”, afirma.

A degola dos correspondentes

Os jornais americanos com freqüência põem fora do dia-a-dia um repórter que passará um, dois meses apurando uma reportagem. “No Brasil isso ainda acontece, mas é cada vez mais raro”.

Claudia Antunes diz que gosta do trabalho na Internacional. Isso fez com que ela aceitasse convite do jornal para, após um ano em Harvard, assumir a editoria de Mundo (ver, abaixo, "Aprendizado de sucursal").

– E eu já conhecia a maioria das pessoas. A equipe de Mundo da Folha é acima da média, comparada com as de outros jornais, porque tem muitos repórteres, que trabalham como redatores mas também viajam para fazer coberturas especiais – orgulha-se.

O trabalho ficou muito mais fácil com a internet:

– Ela abriu campos novos e tornou menos passivos os redatores de Internacional, menos dependentes do material enviado pelas agências de notícias. O padrão melhorou muito. O lado ruim é que todos os jornais cortaram investimentos em Internacional.

Cita o caso do Jornal do Brasil. No tempo em que trabalhava lá, o jornal tinha correspondentes em Moscou, Tóquio, Roma, Londres, Paris, Madri, Bonn, Buenos Aires, Washington, Nova York e até Bogotá. Hoje, nenhum jornal brasileiro tem isso.

Repórteres de agências são “heróicos”

Claudia não concorda com a crítica de Nahum Sirotsky, legendário jornalista que é correspondente do IG, a respeito da discutível qualidade dos correspondentes de agências (ver “Faltam correspondentes”).

– Os repórteres das agências são heróicos – diz a editora de Mundo da Folha. – Mas não são analíticos. É preciso levar em conta que competem com o online.

O que não se pode, diz a jornalista, é “ficar apenas com a tradução do material de agência, que não tem contexto, nem história, nem análise”. Mas, segundo Claudia, os correspondentes das agências se esforçam para ser objetivos.

– Mais do que os dos jornais, como o New York Times, o Financial Times, o Le Monde, que têm posições formadas sobre os assuntos, nem sempre políticas, mas definidas pela cultura, cultura tout court e cultura política.

Só com o trabalho das agências não se entende o que acontece, constata ela.

Claudia não se diz satisfeita com o trabalho realizado. “Trabalho em jornal, como se sabe, é uma frustração diária, nunca se chega ao que se tem em mente”. Uma queixa que se repete nas redações: “o fechamento é muito cedo”. Grande ironia da mudança tecnológica. Quando os computadores chegaram ao Jornal do Brasil, onde éramos colegas, a lógica indicava que o fechamento poderia ser retardado, dadas as facilidades criadas pela tecnologia. Aconteceu o contrário.

Nesse ambiente, torna-se ainda mais necessária uma boa formação. “O jornalista precisa ter a história na cabeça, saber o que é relevante”, diz Claudia.

Agenda própria, sem ser “caipira”

Entre os grandes jornais, a editora destaca o New York Times e o Financial Times:

– Dois bons jornais, complementares, diferentes. O NYT com foco sempre na cultura. O FT é um jornal de economia, mas sabe enxergar a política na economia. O NYT faz grandes coberturas internacionais, mas tem dificuldade para fazer essa combinação. Como os jornais brasileiros.

Claudia afasta a idéia conspiratória. “O que eles têm é uma agenda americana” muito bem definida, há muito tempo, e amplamente compartilhada por diferentes setores da sociedade. É o que falta um pouco na cobertura internacional da imprensa brasileira, afirma. “Ter uma agenda própria”. Não em termos políticos, mas em extensão da cobertura.

– Acho que o que pode diferenciar uma cobertura da outra não é tanto o viés político, se é esquerda, direita, centro, se mantém a objetividade, se não mantém – diz a jornalista. – Toda cobertura é influenciada, um pouco, pelo ponto de vista de quem está produzindo, e isso é mais pronunciado em política internacional. O que diferencia é de que país, de quem você vai falar. E nisso é que a gente não pode ser igual nem aos Estados Unidos, nem aos jornais europeus. A gente pode aproveitar muita coisa que eles fazem, como a gente aproveita. Tem muita coisa de qualidade. Mas a gente tem que tentar criar a nossa própria agenda. Não de uma forma, assim, caipira, “Ah, vamos dar porque tem relação com o Brasil. Vamos dar porque isso interessa ao Brasil”. Não é desse ponto de vista. Quem faz internacional tem que ter uma visão cosmopolita. Não precisa ter uma relação direta com o Brasil para ser importante. É a gente tentar ver que regiões do mundo têm problemas iguais aos nossos. O que você vai dar é mais importante do que como você vai dar. Porque como você vai dar, você tem que ter sempre uma idéia de ser sempre o mais objetivo possível e ao mesmo tempo o mais contextualizado e o mais analítico possível.

Aprendizado de sucursal

Claudia Antunes, se formou em jornalismo pela UFRJ em 1982. Dos primeiros trabalhos como estagiária ficou-lhe uma lembrança forte do BIP – Boletim Informativo das Paróquias –, jornalzinho da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Depois foi para o Jornal do Brasil, onde passou, ainda estagiária, pela editoria de Cidade e pela Internacional – que, chefiada por Jorge Pontual, tinha como redatores, entre outros, Raul Ryff e Aluisio Machado.

Em 1984 foi para a TV Manchete, como editora de texto. Voltou em 1986 à Internacional do JB, onde foi redatora e subeditora. Entre 1992 e 1995, foi subeditora de Política – isso incluiu a inesquecível cobertura do impeachment de Fernando Collor. Em 1995, substituiu Regina Zappa, a editora de Internacional, que havia recebido uma bolsa para estudar nos Estados Unidos.

Em 1999, convidada por Marcelo Beraba, tornou-se coordenadora de Redação – cargo equivalente a chefe de Reportagem – da sucursal da Folha de S. Paulo no Rio de Janeiro. Em julho de 2005, iniciou um ano sabático patrocinado pela Fundação Nieman, de Harvard. São 12 bolsas para jornalistas americanos e outro tanto para não-americanos. Ela pôde escolher os cursos que seguiria. Na volta, foi convidada a assumir a editoria de Internacional da Folha.

De sua experiência na sucursal do Rio ficou o aprendizado de faz-tudo. “Foi seqüestro no ônibus 174, apresentação de balanço da Petrobrás, mudança na diretoria do BNDES, cobertura política de Garotinho. Sucursal tem essa característica”.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Central da Periferia no Haiti

* O Haiti é não aqui? Regina Casé mostra no Central da Periferia como jovens haitianos vivem na periferia. Exibido em 9 de dezembro de 2007. Vídeo aqui.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Herald Tribune: Citizens of nowhere

* Os cidadãos de lugar nenhum: reportagem de Seth Mydans sobre o não-reconhecimento da cidadania de tailandeses. Publicado em 1º de abril, no International Herald Tribune. As fotos que ilustram a matéria, de Greg Constantine (exemplo abaixo), estão neste slide show.

MAE AI, Thailand: Hidden in the back corners of the world is a scattered population of millions of nobodies, citizens of nowhere, forgotten or neglected by governments, ignored by census takers.

Many of these stateless people are among the world's poorest; all are the most disenfranchised. Without citizenship, they often have no right to schooling, health care or property ownership. Nor may they vote, or travel outside their countries - even, in some cases, the towns - where they live.

They are stateless for many reasons - migration, refugee flight, racial or ethnic exclusion, the quirks of history - but taken together, these noncitizens, according to one report, "are among the most vulnerable segments of humanity."

Without the rights conferred by citizenship, they have few avenues for redressing abuses, and little access to resources that could help them build better lives. They have few advocates, because human rights groups tend to focus on the types of abuses they suffer - trafficking, exploitation, discrimination - rather than the root of their problems, their statelessness.

In their variety, they share the lack of a basic human need: a place to call home.

About two million of them are in Thailand, mostly members of ethnic minority groups and hill tribes, perhaps the largest stateless population in the world.

Many were born in remote areas along the border with Myanmar, out of touch with the government, and lack documents that could prove that they, or one of their parents, were born in Thailand.

"Everything is affected, all my rights," said Saidaeng Kaewtham, 38, who works as a gardener. "I can't travel, go to the hospital, do business or get an education. You can't choose your job, only labor."

"Why can others do these basic things and I can't?" he asked. "If I had been a citizen I might have finished my education. I might have earned a master's degree already. Some of my friends have master's degrees."

The number of people like Saidaeng is rising today with the shifting populations of a globalized world, experts say. The emergence of new democracies is also a factor, particularly in Africa, where the granting or removal of citizenship is used as a political weapon.

"The very fact that democracy makes people count makes citizenship a more important social and political fact, and that has given an incentive to some political leaders to use citizenship as a tool to disenfranchise opponents," said James Goldston, executive director of the Open Society Justice Initiative.

By the most common count, there are 15 million stateless people in the world, but by its nature, this is a number nobody can know for certain.

"Statelessness is a global phenomenon, but each of the stories is different," said Philippe LeClerc, an expert on the issue with the United Nations High Commissioner for Refugees in Geneva.

The stateless include some 200,000 Urdu-speaking Bihari in scores of refugee settlements in Bangladesh, where they are barred from many government services and subject to harassment and discrimination.

Formerly a prosperous, land-owning community, they were stranded in Bangladesh when it separated from Urdu-speaking Pakistan in 1971. Although Pakistan at first offered refuge to fleeing Bihari, neither nation offers citizenship today to those who stayed behind.

The stateless also include members of the Rohingya, a Muslim ethnic minority from western Myanmar, where they have been stripped of citizenship and denied civil rights and face exploitation, forced labor and religious persecution. More than 100,000 Rohingya have fled in recent decades to Bangladesh, where they live in camps or on the streets.

They also include tens of thousands of Filipino and Indonesian children in the Malaysian state of Sabah, victims of discriminatory laws that, in effect, deny them birth certificates and often separate them from their families.

Repression at home and the demand for cheap labor drew hundreds of thousands of Filipinos and Indonesians to Sabah over the past three decades. There are now 750,000 of them, nearly one-third of the local population, and the authorities are forcing many to leave.

Because their children often lack documentation, an estimated 10,000 to 30,000 have been left behind to fend for themselves.

In Thailand, the government has embarked on an unusual and ambitious program to determine its stateless people's rights to citizenship, checking documents and interviewing witnesses and local elders.

"You have hundreds of nationality decisions taking place every month in these provinces," said LeClerc. "It's going in slow motion, but it demonstrates a consciousness on the part of Thailand that they have to address the issue."

The only documentation Boon Phonma, 43, could offer was a birth date scribbled on a palm leaf by her mother. She said she was turned away by officials who said, "No, you're not Thai."

Like some others without papers, she then presented officials with the results of a DNA test that she said was accepted as proof of her right to Thai citizenship.

"I found out I have a whole big family here, 335 people," said Boon, who now works to help other stateless people. "I am a Thai confirmed, a Thai since birth."

Link

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Consumo na China enriquece marcas internacionais

* Matéria publicada na Folha de S. Paulo (Mundo) em 18 de outubro de 2007. Assina Cláudia Trevisan, enviada especial a Pequim.

A julgar pelo discurso do presidente Hu Jintao na abertura do 17º Congresso do Partido Comunista, na segunda-feira, a construção do "socialismo com características chinesas" depende do mais capitalista de todos os hábitos: o consumo. Os chineses desembolsam parcelas cada vez maiores de sua renda nos shoppings que se multiplicam nas grandes cidades.

O "desenvolvimento científico" defendido por Hu pressupõe o aumento do peso do consumo interno no crescimento, dependente de investimentos e das exportações. O objetivo está longe de ser alcançado, mas é crescente o número de chineses dispostos a gastar somas consideráveis em imóveis, cosméticos, roupas, carros, computadores, celulares e relógios.

O fenômeno se concentra nos centros urbanos da costa leste. Beneficiados pelo crescimento anual de dois dígitos, os novos-ricos abrem o bolso e cultivam hábitos até há pouco estranhos à cultura chinesa.

Concebido pelo designer francês Philippe Starck, o restaurante e bar Lan, na principal avenida de Pequim, é uma extravagância de vários ambientes decorados com quadros no teto, poltronas de espaldar alto, lustres de cristal e cabeças de rinocerontes. No Lan, os chineses endinheirados tomam vinho, fumam charuto, escutam jazz e pagam contas que rondam os US$ 100, o equivalente a 740 yuans-mais do que o salário mensal dos migrantes rurais que trabalham nas construções da cidade.

No The Place, um dos shoppings recém-inaugurados de Pequim, a chinesa Hu Rong, 40, gastou 800 yuans na tarde de quarta-feira na compra de roupas na rede espanhola Zara. Depois, foi a uma das 230 lojas Starbucks espalhadas em 22 cidades chinesas, onde uma xícara de café custa 18 yuans (R$ 4,4) -preço de uma refeição em um restaurante popular.

Hu Rong dirige uma empresa de arquitetura, é casada com um empresário e tem uma filha de um ano e sete meses. A família mora em uma das vilas de luxo que se multiplicam em Pequim e tem na garagem um BMW e um Land Rover.

Além de bens de consumo, é capaz de comprar o direito de ter outro filho, em um país que impõe um estrito controle de natalidade. Hu está grávida e diz que pagará ao governo a multa cobrada das famílias que desrespeitam a política de filho único -neste ano, um casal foi obrigado a pagar US$ 77 mil por ter um segundo filho.

Apesar de muitos shoppings de Pequim serem ocupados por grifes de luxo, são as marcas de preços mais acessíveis, como Zara, que realmente fazem sucesso. A única loja da rede, aberta neste ano, parecia estar promovendo uma grande liquidação no domingo, com filas nos provadores e nos caixas.

"Eu não ligo muito para grifes, mas gosto de produtos de qualidade", afirma Zheng Hua, 30, que acabava de comprar uma blusa por 400 yuans. Dona de uma fábrica de alimentos, Zheng é divorciada e vive em um apartamento próprio de 400 metros quadrados.

As amigas Shi Jing, 30, e Yu Li Sha, 27, gastam em média de 2.000 yuans a 4.000 yuans (R$ 490 a R$ 970) em roupas e cosméticos por mês. Saem para jantar fora a cada dois ou três dias. "O nosso conceito de consumo mudou e passou a ser influenciado pelo Ocidente. Estamos muito mais preocupadas com a aparência", diz Shi, que trabalha no setor imobiliário.

A rede sueca de móveis Ikea é outra marca de preços acessíveis que encontrou seu caminho na China. Pequim é a sede de sua maior loja fora da Suécia, com 43 mil m2 e estacionamento para 1.200 carros.

Os supermercados Wal-Mart e Carrefour se espalham pelas zonas urbanas. A rede norte-americana se instalou na China em 1996 e hoje tem 86 lojas, nas quais diz atender 5 milhões de consumidores por semana. O concorrente francês chegou em 1995 e já possui 345 filiais.

Setor imobiliário é superaquecido; família junta as economias para imóvel do filho

Quando saiu da universidade em 2004, Chen Ou trabalhou em dois projetos que lhe renderam 20 mil yuans em cinco meses, cerca de R$ 4.900. Com a ajuda dos pais, que lhe deram 30 mil yuans, e um financiamento de 190 mil yuans, ele se tornou proprietário de um apartamento de 50 m2 com apenas 22 anos.

Hoje, Chen trabalha como assistente de um jornalista estrangeiro em Pequim e paga a cada mês 1.200 yuans ao banco, que lhe concedeu um empréstimo por prazo de 25 anos. É menos do que pagaria no aluguel de um imóvel semelhante.

Com os juros, sua dívida é de 370 mil yuans, mas o apartamento que custava 240 mil yuans em 2004 duplicou de valor desde então.

O mercado imobiliário é um dos mais aquecidos da China e ter casa própria é a prioridade dos jovens com educação superior, especialmente dos homens. Sem isso, é remota a chance de se casarem com a mulher de seus sonhos. Quando buscam pretendentes, as jovens urbanas chinesas querem alguém que tenha casa própria e um emprego estável.

Segundo Chen, essa foi a principal razão pela qual seus pais decidiram dar suas economias de toda a vida para ajudar na compra de seu apartamento. Antes de mudar para sua nova casa, Chen vivia com os pais em um apartamento de um cômodo de 23 m2, em um edifício com banheiro e cozinha comunitários. "Seria muito difícil conseguir uma namorada nessas condições", afirma.

É surpreendente o alto percentual de chineses que possuem casa própria. O governo afirma que são 80% das famílias urbanas, um índice superior aos cerca de 70% que se observam nos EUA.

Arthur Kroeber, diretor da consultoria Dragonomis, diz que o percentual é inflado por incluir imóveis que foram comprados por empregados de suas antigas unidades de trabalho e que não podem ser vendidos. Portanto, não se enquadrariam exatamente no conceito de propriedade privada.

Ainda assim, ele acredita que o índice de casas próprias nas regiões urbanas da China é alto e não está muito distante dos 70% dos norte-americanos.

domingo, 19 de agosto de 2007

Madeleine: más que un crimen

* Reportagem do jornal espanhol El Pais de 19 de agosto de 2007 destrincha o "circo midiático" erguido após o desaparecimento da menina Madeleine em Portugal. O texto é assinado por Lola Galán e María R. Sahuquillo.

El ruido de la carretera no llega hasta la casa de los McCann, un chalé de dos plantas de aspecto encantador. Una de esas casitas con estilo, destinadas a las clases medias pudientes que se han ido instalando en Rothley, un lugar bucólico del condado de Leicester, en el centro de Inglaterra. Contemplando la casita de cuento, el césped jugoso, gracias a la lluvia inmisericorde, la silueta de muñecos de peluche que se aprecia a través de los cristales emplomados de una de las ventanas de la planta baja, es posible imaginar la que ha sido hasta hace menos de cuatro meses la vida feliz de Kate y Gerry McCann. Un matrimonio normal de clase media; dos profesionales de la medicina con sueldos altos, en el caso de él, cardiólogo en uno de los tres hospitales universitarios de Leicester. Católicos practicantes los dos, 38 años él, 37 ella, casados desde 1998. Amigos de sus amigos, buenos profesionales, entregados totalmente a los hijos engendrados costosamente después de años de tratamientos médicos, gracias a la fertilización in vitro. Los niños trajeron felicidad y mucho trabajo, sobre todo a Kate, que optó por reducir su jornada laboral y ahora sólo pasa consulta en el ambulatorio de Melton Mowbray, la capital rural de la zona, dos días a la semana.

Es posible imaginar la rutina de su vida diaria, las idas y venidas de Gerry al hospital de Glenfield, la ajetreada hora del baño de los pequeños, las cenas esporádicas con los amigos. Quizá en una de esas reuniones planificaron las vacaciones de Praia da Luz, uno de los enclaves más populares de los turistas ingleses en el Algarve portugués. Un sitio especialmente agradable en temporada baja. Una pareja amiga lo había probado ya y quedó encantada. Así es que movilizaron a los demás; en total, tres matrimonios y ocho niños que el pasado 28 de abril ocuparon sus respectivos apartamentos. Desde el principio se sintieron cómodos, rodeados de compatriotas, que abarrotan este pequeño pueblo de la costa portuguesa en el que el 80% de la población residente es británica. Todos buscando lo mismo: sol, mar y una combinación de chiringuitos playeros en los que es posible ver en pantalla gigante los partidos de la liga inglesa de fútbol.

Los McCann se alojaron con sus amigos en el Ocean Club, una urbanización pequeña, integrada por varios edificios de dos o tres plantas, pegados los unos a los otros, ordenados a lo largo de unas pocas calles, con una amplia piscina como punto neurálgico, y el mar a diez minutos de paseo a pie. Un lugar de fácil acceso, incluso para los no residentes. ¿Qué necesidad había de mayor protección en un universo tan plácido? Al menos, hasta el 3 de mayo pasado. La noche de ese día, Kate y Gerry recibieron un zarpazo: Madeleine, su niña mayor, de apenas cuatro años, desapareció de la habitación donde dormía con sus hermanos gemelos Sean y Amelie. Los tres estaban solos. Y ahí estalló el primer escándalo. ¿Era normal que unos padres juiciosos abandonaran a sus pequeños dos o tres horas para cenar en el bar de la urbanización, a 50 metros de su casa? "Se confiaron totalmente. Es un sitio tranquilo, y se ve que bajaron la guardia. Es algo que podría pasarle a cualquiera", dice una compañera de trabajo de Kate que habla maravillas de ella.

Lo que ocurrió en el cuarto que la niña compartía con los bebés nadie lo sabe. Lo que pasara no fue lo bastante ruidoso como para despertar a los gemelos. Sean y Amelie continuaron durmiendo, incluso cuando su madre comenzó a gritar enloquecida, al comprobar que la niña faltaba. Ese sueño pesado de los gemelos ha llevado a la policía a preguntarse si los tres niños habían recibido algún sedante. Un extremo que los padres niegan indignados.

Esa noche, los McCann intentaron encontrar a la pequeña en la urbanización. Nada. Kate McCann aseguró después a la policía que la niña no era de las que salen solas. Dieron la voz de alarma, y la policía se hizo cargo del caso, desplegando 200 agentes por la zona. Más tarde llegó el equipo de perros especialistas de la Guardia Nacional Republicana, que estuvieron rastreando la zona hasta el 18 de mayo.

A partir de esa fecha, la operación crece en volumen y publicidad. Más de mil policías y más de cien voluntarios; barcos, helicópteros, la Interpol, la policía británica y especialistas británicos en secuestros se dan cita en Praia da Luz. Rastrean unos 15 kilómetros. Además, vigilan las fronteras. La noche de la desaparición de Madeleine, el apartamento de los McCann es precintado, y la familia se traslada a otra vivienda dentro del Ocean Club. Aunque los sellos se levantan a las cinco semanas y el piso es ocupado por otros turistas. Los McCann se instalan en un tercer domicilio, más lujoso, en la urbanización Luz Parque.

Presionada por la repercusión -han llegado a coincidir más de 200 periodistas-, la policía portuguesa realiza "un despliegue sin precedentes", según Olegario da Sousa, inspector jefe de la Policía Judicial.

Se alerta también a la policía española. La frontera está a apenas dos horas de Praia da Luz y en un pueblo costero es fácil huir por barco. Esos primeros días, los McCann critican a la policía portuguesa porque las fronteras no se cerraron con la debida celeridad. Esta inicial desconfianza hacia la investigación portuguesa espoleó a los padres de Madeleine.

En lugar de retirarse a un segundo plano para llorar su desgracia, los McCann, especialmente Gerry, convocan ruedas de prensa y se muestran abatidos, pero enteros. Dispuestos a organizarse para resistir en Praia da Luz el tiempo necesario hasta que la niña sea localizada. Con sorprendente pragmatismo, y con ayuda de la familia y de algunos amigos, como Douglas Skehan, jefe de Gerry McCann en el departamento de cardiología del hospital, ponen en pie un fondo para recoger dinero que financie su estancia en Portugal, sus viajes a varias capitales europeas, su audiencia con el Papa en Roma, su visita a Marruecos siguiendo una pista que resultó ser falsa, y a Estados Unidos, donde McCann consigue entrevistarse con altos cargos de la Administración de Bush.

Gerry y Kate estaban en un país extranjero, se veían perdidos y no se sentían capaces de lidiar con los periodistas que cada día llamaban a su puerta. Pidieron consejo a los embajadores británicos en Portugal y éstos les recomendaron contratar a un asesor de prensa. Fueron finalmente sus familias quienes ficharon a Sheree Dodd, funcionaria del Ministerio de Asuntos Exteriores británico. Fue ella quien comenzó la campaña que daría la vuelta al mundo y la que llevó a los padres de Madeleine en una gira para encontrar a su hija. Dos semanas la sustituiría Clarence Mitchell, antigua periodista política de la BBC y que ahora asesora al primer ministro, Gordon Brown. A Clarence le sucedería Justin McGuiness.

Gracias a estos asesores, personalidades como David Beckham, Cristiano Ronaldo y la escritora J. K. Rowling han participado en la campaña. El Papa o el propio Gordon Brown, marcado por una tragedia personal en la que perdió a una hija, se han interesado por la suerte de la pequeña. Un gran despliegue que incluye que los jugadores del Sunderland y del Tottenham saltasen al terreno de juego con camisetas alusivas a esta campaña. La autora de la saga de Harry Potter dedica en su web un apartado para encontrar a la niña. Y numerosas personalidades han llevado la pulsera amarilla con la leyenda Look at me para llamar la atención sobre el caso.

Gracias a todo este trabajo, la campaña de los McCann ha llegado a todo el mundo. Hoy se pueden ver en la Red más de 200 vídeos vinculados con la campaña. Más de 50 millones de personas visitaron el sitio findmadeleine.com en sus primeras 48 horas de existencia. Y otros tantos han visitado el canal de You Tube Dont forget about me, dedicado a Madeleine y a otros niños desaparecidos.

"Gerry escuchó que en Estados Unidos uno de cada seis casos de niños desaparecidos consigue resolverse gracias a las campañas de carteles y de llamada de atención. Fue eso lo que llevó al matrimonio a iniciar esta gran campaña", explica una portavoz de la familia.

Miles de personas contribuyen a engrosar ese fondo que lleva recaudado hasta el momento casi un millón de libras (1,5 millones de euros), un cómodo colchón sobre el que sustentar la campaña de búsqueda de Madeleine, el mayor despliegue mediático global que se ha visto hasta la fecha. Para mantener vivo el caso, se organizan actos en las cuatro esquinas del planeta, de Portugal a Nigeria, del Reino Unido a Afganistán. Se imprimen decenas de miles de fotografías de la pequeña para ser distribuidas en comercios, aeropuertos, gasolineras y estaciones. El único escollo insalvable son las grandes salas de cine en Inglaterra. Las tres principales cadenas se niegan a pasar un cortometraje sobre el caso Madeleine antes de la proyección de las películas destinadas a los menores.

Se diseña un logotipo especial utilizando el insólito derrame del iris que tiene la pequeña en su ojo derecho. Se inaugura un sitio en la web donde se centralizan todas las noticias e iniciativas de la campaña, y donde Gerry McCann mantiene un blog con sus impresiones cotidianas sobre la marcha de las pesquisas y comunica su estado de ánimo y el de su esposa. Más tarde inaugura un sitio en YouTube donde se cuelgan entrevistas y comparecencias de la pareja.

Crear ONG, fundaciones y asociaciones de cualquier cosa es una vieja tradición inglesa. Los McCann no son una excepción. En este caso, y dada la gravedad de la situación, recurren a amigos, familiares y colegas para buscar las personas idóneas que puedan llevar las riendas de una iniciativa tan ambiciosa: conseguir que se hable continuamente del caso Madeleine, que los medios, la gente de a pie no se olviden de la pequeña. Entre las personalidades que les sirven de enlace con el mundo del deporte, de los negocios o de la política figura Esther McVey, nacida en Liverpool como la propia Kate McCann, antigua presentadora de televisión, mujer de negocios y aspirante a política, que se presentó a las elecciones generales de 2005 en las filas del Partido Conservador. También posee una agenda importante Justine McGuinness, miembro del Partido Liberal-Demócrata, con su propio blog en las páginas de The Guardian, que dirige la campaña por expreso deseo de Gerry McCann. Es fácil suponer que la fe católica de ambas familias (la de Gerry McCann y la de su esposa, de soltera Kate Haley) les haya allanado el camino al Vaticano.

Empresarios no menos estelares, como Richard Branson, patrón de Virgin; la escritora J. K. Rowling, autora de los libros de Harry Potter, o el dueño de la tienda Top Shop ofrecen, por propia iniciativa, animados por las dimensiones de la operación mediática, hasta 2,5 millones de libras de recompensa a cualquiera capaz de ofrecer una pista sobre el paradero de la pequeña.

También aquí, en Rothley, la gente se ha portado maravillosamente", explica Janet Kennedy, tía materna de Kate McCann, que vive desde hace tiempo en este pueblecito. "Cuando se cumplieron los 100 días del secuestro, se organizó una misa y la gente llenó la plaza principal de muñecos de peluche y de notas cariñosas sobre Madeleine", dice.

La discreción se ha impuesto en Cross Green, la plaza principal del pueblo, donde se alza el monumento a las víctimas de las dos guerras mundiales. "Tuvimos que retirarlo todo, pero la gente ha lavado los muñecos y van a ser enviados a los niños de Bielorrusia", añade Janet. Ahora, el recuerdo de Madeleine se limita a unas discretas cintas amarillas y verdes, anudadas al tronco de los castaños de la plaza. Pero la gente del pueblo parece todavía consternada. Keith Tomlinson, párroco del pueblo, asegura, en una breve conversación telefónica: "Claro que les conozco, he bautizado a la niña y a los gemelos. Vienen a la misa dominical", responde a toda prisa.

Su colega anglicano, Rob Gladston, se muestra más comunicativo. Recibe en su casa, más bien modesta, a la periodista, para explicarle los esfuerzos conjuntos de las cuatro iglesias cristianas de Rothley en apoyo de los McCann. "Es cierto que no son gente del pueblo. Aquí llevaban sólo 11 meses, y todavía los niños no iban a la escuela local. Por eso la mayoría sólo les conoce de vista".

Para llegar al domicilio de Gladston hay que atravesar prados y cruzar un riachuelo. Todo es pulcro, ordenado, suave. Pero bajo la suavidad de las formas y la dulzura del paisaje se aprecia el esqueleto rígido que modela la sociedad británica. Muchos de los vecinos de los McCann, que comparten su dolor, no dudaron en inundar la web del diario local, Leicester Mercury, con comentarios insultantes hacia la pareja, acusándoles de abandonar a sus hijos. Fue una avalancha tal, que el diario optó por censurarlos en masa, y ahora criba todo lo que llega por correo antes de colgarlo en la web. Y hubo hasta algún compatriota que llegó a enviar a Downing Street, la sede del primer ministro, un mensaje reclamando que se les procesase.

Kate y Gerry McCann respondieron a las críticas admitiendo sus culpas. "Pero esos comentarios son muy dolorosos y ayudan bien poco", protestó ella. No han sido las únicas que han recibido en estos tres meses y medio de agonía. Su conducta hiperactiva, sus viajes al extranjero para dar publicidad al caso, su omnipresencia en la televisión y en los periódicos han causado estupor a mucha gente. ¿Es compatible el dolor extremo de la desaparición de un hijo con el inevitable circo mediático que les ha rodeado en cada una de sus apariciones públicas? "Es su manera de afrontar una situación límite", explica la compañera de trabajo de Kate. "Otra alternativa es cruzarse de brazos mientras la policía investiga. Pero Gerry es una persona activa, muy organizada; es fácil comprenderles". Además, todo apunta a que hace tiempo que la relación de los McCann y los investigadores portugueses se ha deteriorado. Sólo hay que leer las notas venenosas que dedican a los policías lusos los enviados especiales de los tabloides ingleses. Hasta el punto de que se ha ido creando una suerte de rivalidad nacional que ha tenido inesperadas consecuencias positivas para los McCann. Desde que la prensa y la policía portuguesa han empezado a cuestionar su actitud o su coartada, los medios británicos se han unido en una defensa sin fisuras de sus compatriotas.

Todos han cerrado filas en apoyo de los padres, que contaban ya con una tupida red de solidaridad. Decenas de voluntarios de todo el mundo, especialmente en Escocia, Leicester, Irlanda y Liverpool, y varios asesores de prensa, que les orientan y asisten en sus contactos con los medios de comunicación. "El caso Madeleine ha despertado tanta atención que no damos abasto", explica la responsable del equipo, ocupada últimamente en desmentir algunas informaciones de la prensa portuguesa. Por ejemplo, el alquiler por su nueva residencia, que asciende a 5.000 euros al mes, según rotativos locales. "Los McCann viven modestamente. Hacen ellos la compra, la colada... se ocupan ellos mismos de sus hijos", dice la portavoz. "Es una familia muy tranquila, muy normal. Vienen de clases trabajadoras. Han luchado muy duro para llegar a ser médicos, para llegar a donde están", añade. Aunque es cierto que es mucho el dinero gastado hasta el momento. "Una campaña como ésta es muy cara; el despliegue que se ha hecho es enorme", asegura la misma persona. Del dinero recaudado se han gastado ya unos 100.000 euros.

La espera ha resultado más larga y penosa de lo que suponían. Las distintas líneas de investigación se han ido desvaneciendo. Sólo permanece como sospechoso un británico, Robert Murat, de 33 años, que vive con su madre, Jennifer, de 71, en un chalé de Praia da Luz, muy cerca de donde Madeleine desapareció. Se le interrogó varias veces, se registró su casa y quedó libre. Aún se desconoce por qué es sospechoso. Lo demás han sido falsas alarmas o intentos de extorsión a los McCann, como el de una pareja detenida por la policía española hace algo más de un mes cerca de Algeciras.

El caso tiene aún muchos cabos sueltos. Después de tres meses y medio manteniendo la hipótesis del secuestro, la policía ha cambiado de rumbo. "Al no obtener resultados, decidimos reorientar la investigación", explica el inspector Olegario de Sousa. Por eso, hace unos días se volvió a examinar el apartamento de los McCann, esta vez con dos perros especialistas ingleses, una pareja de english springer spaniel, macho y hembra, entrenados para detectar el rastro de cadáveres e incluso de huesos humanos. Los canes detectan vestigios de sangre invisible para el ojo humano que sólo queda en evidencia con el uso de rayos ultravioletas. La investigación da un vuelco y la sangre es llevada a un laboratorio de Birmingham para analizar el ADN. Pero la fiabilidad de la prueba no es muy alta. Estos animales pueden detectar la presencia de sangre derramada hasta siete años atrás. Un tiempo en el que los apartamentos del Ocean Club han visto entrar y salir miles de turistas. El jueves, todo apuntaba a que la sangre no pertenece a la pequeña Madeleine. Y ese mismo día se detecta el primer desfallecimiento en la estrategia de resistencia de los McCann. Por primera vez en más de 100 días de espera, reconocen que empiezan a contemplar la posibilidad de regresar a casa con sus gemelos y con las manos vacías. "Es terrible pensar que salimos siendo una familia de cinco personas y regresaremos cuatro", comentaba Kate.

Para ella y para su marido será difícil recuperar la antigua rutina, el jogging, las tareas domésticas, el trabajo. "Aquí encontrarán todo el apoyo del mundo", dice Ruth, una vecina de Rothley que forma parte del comité de apoyo de las iglesias cristianas, en el que se incluyen también los que en su día les criticaron ásperamente por dejar a los niños solos. La guerra mediática luso-británica les ha rehabilitado totalmente.

Entre la curiosidad y la solidaridad

El apartamento del Ocean Club donde desapareció la pequeña Madeleine se ha convertido en uno de los lugares más turísticos del Algarve. Día tras día, una romería de curiosos se acerca al lugar para hacerse fotos y preguntar a los periodistas las últimas novedades de este caso que ha dado la vuelta al mundo. "Hemos venido por curiosidad, para ver el sitio donde ocurrió todo. También para ver si es tan fácil el acceso a la casa", explica Elsa Morao junto a la verja que daba acceso a la casa que ocupaban los McCann y de donde desapareció la niña. "Hemos aprovechado que veníamos a ver a unos familiares a 80 kilómetros para visitar Praia da Luz", cuenta Carlos, su marido. "Además, la niña quería venir", dice Elsa mientras señala a Laura, su hija de ocho años, que mira con ojos curiosos el despliegue de periodistas montado a las puertas del complejo de apartamentos. El caso Madeleine ha llegado a congregar en Praia da Luz a más de 200 medios de comunicación a la espera de conocer la suerte de la niña.

El viaje de Elsa y su familia no es extraño. Margarida y Tiago viven en París y han viajado desde Tavira (a unos 140 kilómetros) para ver el lugar donde habitaban los McCann y de donde desapareció la niña. "Veíamos el sitio en la televisión internacional portuguesa y queríamos conocerlo, verlo con nuestros propios ojos", dice Margarida.

Todo en Praia da Luz recuerda a Madeleine. El pueblo está empapelado con carteles con su fotografía; cada tienda, cada bar, restaurante o supermercado muestra la foto de la pequeña de cuatro años. "Querida Madeleine. Espero que estés bien. Te echamos de menos", escribe una jovencita griega en una tarjeta que alguien ha colgado en la puerta de la iglesia de Praia da Luz. Al lado, un dibujo muestra a una niña rubia sonriente: "Madeleine, te queremos", se puede leer.

Los visitantes también elaboran teorías sobre qué le ha podido suceder a la pequeña. "Yo creo que los padres son inocentes. Seguro que alguien se llevó a la niña", sostiene Laura Pinto, mientras que su amiga María opina lo contrario: "Fue alguien de la familia, pero no va a llegar a saberse nunca. Si no se descubrió al principio, menos se sabrá tres meses después".

Cada uno saca sus propias conclusiones, pero todos parecen coincidir en un punto: ellos no habrían dejado a sus hijos solos para ir a cenar. "Yo no los dejo solos ni para comprar debajo de casa", critica una mujer portuguesa que veranea desde hace 12 años en Praia da Luz.

Link